terça-feira, 10 de janeiro de 2017

As abelhas


Apis mellifera

Da família dos himenópteros e apídeos.

As abelhas são insetos sociais que vivem em colónias. A sua origem remonta há 40 mil anos.
A exploração das abelhas surgiu em 2400 a.C. sendo os egípcios e os gregos, povos que desenvolveram as primeiras técnicas de apicultura as quais foram aperfeiçoadas no final do século XVI. O funcionamento das colmeias é de elevada organização. Estes insetos são muito trabalhadores e disciplinados. Existem 3 tipos de abelhas: sociais, solitárias e parasitas.

Sociais - são as que vivem em colmeias, enxames, onde há uma clara divisão do trabalho e a separação de “castas” (rainha, zangões e operárias);
Solitárias - vivem sozinhas e morrem cedo. Os seus ninhos estão habitualmente no chão, em frestas de pedras, árvores, madeira podre ou ninhos de outros animais que estejam abandonados. As fêmeas fecundadas preparam as células onde vão colocar os ovos com alimento por si produzido, colocam os ovos, fecham as células e o ninho e abandonam o mesmo.

Parasitas – vivem dependentes de outras abelhas. Alimentam-se do que as outras produzem e armazenam. Geralmente invadem os ninhos e colocam os seus ovos para outros cuidarem. Nalguns casos passam a viver com abelhas hospedeiras podendo até desenvolver algum trabalho.
Outras abelhas parasitas (abelhas limão) constroem os seus ninhos com materiais de outros ninhos.

 

Tipologia das Abelhas

 
Rainha
A rainha tem um papel fundamental numa colmeia, é a ela que cabe a função de coordenar o trabalho de todas e a própria reprodução da espécie.
Facilmente se consegue distinguir a rainha das restantes abelhas dado o seu tamanho das operárias. Numa colmeia podem existir milhares de abelhas, mas existe apenas uma rainha.

O período médio de vida de uma Rainha é de cerca de 5 anos. É a única forma que se encontra ativa para reprodução. A coordenação da colmeia é feita através das feromonas que libertam das mandibulas. Este sinal químico “dá ordens” às restantes abelhas. É também esta hormona que impede que as restantes abelhas amadureçam os seus órgãos sexuais e se tornem rainhas. É por isso que numa colmeia só existe uma rainha. É uma operária que amadureceu e se tornou rainha e é a única que se pode reproduzir.

Para que nasça uma rainha, a rainha mãe coloca um ovo numa célula especial que é construída pelas operárias – célula rainha. Este é considerado um local especial, pois é aqui que está a ser criada a futura rainha. Enquanto larva é alimentada pelas operárias com geleia real, rica em proteínas, vitaminas e hormonas sexuais. É considerado um superalimento que a transforma numa rainha. A geleia é o único e exclusivo alimento da abelha rainha ao longo de toda a sua vida.

São necessários 15 dias para a nova rainha nascer. Quando nasce recebe toda a atenção por parte das operárias, que procuram garantir a sua alimentação e bem-estar. Á medida que se sente forte, faz um voo para reconhecer a colmeia enquanto se prepara para ser fecundada pelos zangões.

A Rainha escolhe dias ensolarados e com pouco vento para a realização do voo nupcial.

Durante o voo a rainha, cerca de 10 zangões consumam o ato. Em seguida os zangões morrem dado que os seus órgãos genitais ficam presos na rainha. Esta continuará a copular os zangões necessários para preencher o seu recetáculo.
A rainha faz apenas um único voo. Ela sairá da colmeia se o enxame mudar de local e ela necessitar de colocar mais um ovo de uma nova rainha. Ela não voltará a copular, todo o esperma que é recolhido permitirá que seja fecundada ao longo da sua vida, nesta fase, a Rainha fica hermafrodita.  
Quando volta para a colmeia é alimentada e cuidada pelas operárias, se por alguma razão a rainha morrer a colmeia não terá futuro.

De uma forma resumida a função da rainha é colocar ovos para a formação de novas operárias e libertar hormonas para coordenar e orientar a colmeia.

Existe uma rainha, cerca de 5000 a 100.000 abelhas operárias e 0 a 400 zangões.
A rainha mantem a ordem social da colmeia.
A larva rainha é criada num alvéolo especial, maior do que o das abelhas operárias e zangões, com um formato cilíndrico denominado alvéolo real.
Apenas a rainha é capaz de produzir ovos fertilizados que originam as operárias ou novas rainhas e ovos não fertilizados que dão origem aos zangões.

Em situações especiais, as operárias também produzem ovos não fertilizados que originam zangões.
A rainha tem a capacidade de produzir 2500 a 3000 ovos por dia em condições de abundância de alimento. É ainda acompanhada por 5 a 10 abelhas operárias que têm como objetivo alimentá-la e limpá-la. As operárias ao aproximarem-se recebem feromonas e passam a outras.
Quando a rainha morre as operárias escolhem ovos dos últimos 3 dias e destroem as restantes. A primeira rainha a nascer vai competir com as que nasceram ao mesmo tempo até que uma sobrevive.
A rainha velha pode continuar a viver na colmeia até a sua morte ou a rainha nova mata a mais velha.
O voo nupcial ocorre de 5 a 7 dias após o seu nascimento. A fecundação ocorre na área onde se encontram os zangões.

 

Zangão
A função do zangão é fecundar a abelha rainha virgem e a estabilização da temperatura da colmeia
Existem apenas os zangões como machos na colmeia, não têm ferrão e nasce dos ovos fecundados e depositados pela rainha num alvéolo maior do que os das abelhas operárias.

Os zangões nascem 24 horas após o ovo ter sido colocado, após 12 horas atingem a maturidade. O tempo de vida ronda os 80 a 90 dias. Os zangões estão dependentes das abelhas operárias que os alimentam. Quando há escassez de alimentos, em especial nos períodos de outono e inverno, os zangões acabam por morrer à fome e ao frio.
Não têm órgãos que lhe permitam atacar/defenderem-se ou trabalhar, os zangões têm a capacidade de detetar as rainhas virgens a 10km.
Os zangões agrupam-se perto das colmeias ficando aí à espera das abelhas rainhas. Quando surgem, todos partem para alcança-la, copulam em pleno voo, os quais ocorrem por norma a 11 metros de altura e são cerca de 8 a 10 zangões que conseguem copular com a rainha. Logo após a cópula, o zangão morre ao perder os seus órgãos sexuais.

 
Abelha operária
É responsável por todo o trabalho na colmeia, à exceção da colocação de ovos. São as abelhas operárias que fazem a higiene da colmeia, asseguram o alimento e a água de que a colónia necessita para sobreviver. Recolhem o pólen e néctar.

São as abelhas operárias que alimentam os zangões, rainha e as larvas por nascer, e cuidam da família, e produzem cera que é essencial para construir os favos.

As abelhas operárias procuram manter a temperatura da colmeia estável entre os 33 e os 36 graus no interior da colmeia. São também produtoras do mel que é o alimento de toda a colmeia. Procuram aquecer as larvas com o seu próprio corpo.
As abelhas nascem após 21 dias da colocação de ovos. Podem viver até 6 meses quando não há muita atividade na colmeia. O seu ciclo de vida é de cerca de 60 dias. A sua vida é curta mas muito intensa. A sua atividade começa logo após o nascimento. A partir do 4.º dia até ao 14º dia começa a alimentar as larvas e a sua rainha, com a substância que o seu estômago produz da ingestão de mel, pólen e água. Com o nascer das glândulas hiofaríngeas as abelhas são produtoras de geleia real o que permite alimentar a rainha, o seu único alimento.

Ao 9.º dia estão desenvolvidas as glândulas cerígenas que permitem a produção de cera que permitem a construção dos favos e paredes da colmeia e fecham as células que tem mel maduro ou larvas. Para além de todo o trabalho as abelhas produzem ainda mel, tendo por base a recolha do néctar fora das colmeias feito por outras abelhas.
Ao 21.º dia de vida as operárias saem dos seus trabalhos dentro da colmeia e dedicam-se à recolha de água, néctar, pólen e resinas vegetais e à defesa da sua colónia.

Esta é a última fase das abelhas operárias.
Estas abelhas não se conseguem reproduzir, têm um aparelho bucal e partes especializadas para a colheita de pólen e o néctar das flores. Possuem ainda glândulas que produzem geleia real, alimento que será oferecido a todas as larvas que depois quando se transformam em operárias e zangões passam a ser alimentadas por mel ou pólen, as larvas que se irão transformar rainhas continuam a ser alimentadas por geleia real.

 
Anatomia das Abelhas

Cabeça, tórax e abdómen
Na cabeça encontram-se os órgãos sensoriais que lhe permite tomarem conhecimento do que a rodeia. São os seus olhos grandes que as orientam ao longo de todo o voo e distinguir as cores das flores.

As suas antenas possuem sentidos de audição, de olfato e tato muito úteis quando se encontram na colmeia. Através do cheiro, as abelhas têm a capacidade de reconhecer os seus inimigos.
É também na cabeça, que está localizado o seu sistema visual composto por 3 olhos simples situados na parte de cima e dois olhos compostos localizados nas laterais da cabeça que lhes permitem observar a longas distâncias e com vários detalhes. Também aqui se encontram 3 glândulas mandibulares que são responsáveis por dissolverem a cera e processar a geleia real que alimenta a Rainha e as hiofaríngeas que funcionam do 5.º ao 12.º dia de vida das operárias e transformam o alimento em geleia real.

Os sacos aéreos e o aparelho bucal que estão ligados ao abdómen.

O Tórax é formado por 3 segmentos: protórax; mesotórax e metatórax.
No tórax estão localizadas as patas e as asas, bem como os respiratórios. As diferentes patas têm diversas funções, que passam pela limpeza das asas, antenas, língua e mandibula, retirada de pólen e de partículas de cera.
 

Abdómen
Aqui está localizada a vesícula melífera (que transforma o néctar em mel) é também aqui que é transportada a água para a colmeia. Para além da vesícula, no abdómen também se localiza o estomago, o intestino delgado, as glândulas (responsáveis pela produção de cera), os órgãos respiratórios, e os órgãos específicos das rainhas e zangões.

No abdómen dos zangões está o órgão reprodutor (par de testículos, duas glândulas de muco e o pénis).

No extremo do abdómen está o ferrão. No caso das rainhas o ferrão tem apenas uma função de orientação, para poder localizar os alvéolos onde pode colocar os ovos. Tem ainda uma função de defesa quando em presença de outra rainha.

Ao contrario das abelhas operárias, que ao ferrarem perdem o ferrão e os seus órgãos e morrem em seguida, a abelha rainha não perde o seu ferrão porque o mesmo é liso.

É no abdómen que se encontram o coração e os vasos sanguíneos (sangue das abelhas é frio e incolor).

 

O que as abelhas produzem
As abelhas produzem mel, pólen, cera, geleia real, própolis e o próprio veneno.

Mel - Alimento doce com várias proteínas e minerais, com várias propriedades medicinais.
Pólen - muito rico em proteínas, vitaminas e hormonas de crescimento engloba todos os elementos essenciais à vida dos organismos vivos. Até aos dias de hoje o homem ainda não conseguiu reproduzir um alimento com tais características. Ainda que seja muito rico em vitaminas e proteínas ainda não é utilizado para fins medicinais. Contudo várias investigações referem as suas propriedades enquanto:

- Fortificante e fortalecedor do organismo;

- Descongestionante dos rins, próstata e fígado;

- Melhora a pele;

- Estimulante do pâncreas, combatendo assim os diabetes;

- Favorece a virilidade;

- Melhoria no funcionamento dos órgãos.

Geleia Real – é um produto natural segregado pelas abelhas e contem imensas quantidades de proteínas, lípidos, hidratos de carbono, vitaminas, hormonas, enzimas, substâncias minerais, substâncias bio-catalizadoras que potenciam o processo de regeneração. Na colmeia a geleia relar como objetivo alimentar as larvas de abelhas operárias até ao 3.º dia de vida e das larvas dos zangões.
No entanto a geleia real é conhecida como alimento da rainha, poder-se-á dizer que é devido à geleia real que a Rainha é biologicamente maior do que as outras abelhas.

No uso pelos humanos, a geleia real é vitalizadora e estimulante do organismo, aumenta o apetite e tem um efeito anti-gripal.   
As abelhas vivem num sistema muito organizado e disciplinado. É um dos animais mais trabalhadores, responsáveis não só por produtos riquíssimos, como pela polinização.

Propólis - O própolis é composto por resinas vegetais que as abelhas recolhem de algumas árvores, cera, pólen e ácidos e gorduras, e que é posteriormente processado. É usado para desinfetar os favos, paredes, vedar frestas e fixar peças nas colmeias, é a forma de impermeabilizar a colmeia.

Tem um efeito antibiótico e antisséptico com ação imunológica, anestésica, cicatrizante e anti-inflamatória.
Veneno das abelhas -  Apitoxina é usado com sucesso no tratamento de problemas de reumatismo, nevrites, ações cutâneas, doenças oftálmicas, redução do colesterol e hipotensão. Pode ser usado em diferentes formatos, pomadas, injeções, inalações. Contudo, há que realçar que ainda não existem muitos estudos que confirmam os seus resultados.

Como as abelhas produzem o mel?
As abelhas coletoras recolhem o néctar junto das plantas e flores que reservam no seu estomago. Quando chegam à colmeia as abelhas transferem para as abelhas engenheiras através da sucção. Posteriormente é colocado numa parte da colmeia para armazenamento.

Apicultura
Consiste no estudo das abelhas produtoras de mel e das suas técnicas de exploração para benefício do homem. Aqui insere-se a criação de abelhas extração, comercialização de mel, cera, geleia real e própolis.

As abelhas devem ser criadas em locais onde há abundância de alimento. Conhecem-se práticas de apicultura retratados em pinturas rupestres. Ao longo dos tempos, com desenvolvimento da técnica a recolha de mel já não implica a destruição das colmeias.
Hoje em dia já são criadas colmeias artificiais que não prejudicam as abelhas quando é extraído o mel.

São apenas retirados os favos que possuem o mel maduro.
Depois é colocado numa máquina para retirar o mel sem partir os favos.

O apiário é um conjunto de colmeias que é colocado num determinado local, cuja evolução depende de um conjunto de fatores externos do ambiente e do apicultor que deverá ser cuidadoso. 

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